Tipos de fármacos usados em gastrite e úlcera
Por Haydée Borges
Os tipos de fármacos usados para o tratamento de úlceras pépticas e gastrite são de três tipos: antiácidos, antagonista de receptores de H2 e bloqueadores da bomba de prótons. Conheça abaixo os principais mecanismos de ação de cada um deles:
Antiácidos
São bases fracas que reagem com o ácido clorídrico estomacal formando sal e água. Alguns também são capazes de promover mecanismos de defesa da mucosa, estimulando a produção de prostraglandinas (protegendo a mucosa de lesões, por aumentar a produção local de muco ou bicarbonato, promover a regeneração celular local ou manutenção do fluxo sanguíneo da mucosa).
Principais fármacos e mecanismo de ação
Bicarbonato de Sódio - reage rapidamente com HCl do estômago e forma dióxido de carbono, que é eliminado por eructações (arrotos) e NaCl (que é absorvido e pode causar alcalose metabólica em altas doses ou em pacientes com insuficiência renal).
Hidróxido de Magnésio ou de Alumínio - reagem lentamente com o HCl do estômago, formando cloreto de magnésio (ou de alumínio) e água. A reação de neutralização é eficiente e não há risco de alcalose metabólica. Os sais de magnésio não absorvidos podem causar diarréia osmótica e os sais de alumínio, constipação. São utilizados em associação com fármacos para diminuir a disfunção intestinal.
Hidróxido de Magnésio ou de Alumínio - reagem lentamente com o HCl do estômago, formando cloreto de magnésio (ou de alumínio) e água. A reação de neutralização é eficiente e não há risco de alcalose metabólica. Os sais de magnésio não absorvidos podem causar diarréia osmótica e os sais de alumínio, constipação. São utilizados em associação com fármacos para diminuir a disfunção intestinal.
Contraindicações: pacientes com insuficiência renal, pois o magnésio e o alumínio são excretados pelos rins.
Todos os antiácidos podem afetar a absorção de outros fármacos
- Através de sua ligação ao fármaco, diminuindo sua absorção;
- Pelo aumento do pH intragástrico, que afeta a dissolução ou solubilidade do fármaco, principalmente os fracamente ácidos ou básicos. Ex: tetraciclinas, fluoroquinolonas, itraconozol, ferro.
Antagonistas de receptores de H2
São usados em úlcera péptica e doença do refluxo gastroesofagiano. Podem ser: bloqueadores dos receptores de histamina (BIH2) e inibidores da bomba de prótons (IBP). Esses últimos são praticamente obrigatórios nos tratamentos para erradicação de H. pylori.Principais fármacos e mecanismo de ação
Cimetidina e Ranitidina (Tagamet e Antak) - Bloqueiam os receptores de histamina (H2) das células parietais produtoras de ácido, tornando-as menos responsivas à estimulação histamínica e com acetilcolina e gastrina, devido às interações pós-receptores.Farmacocinética
Os antagonistas de H2 são depurados através da combinação de metabolismo hepático, filtração glomerular e secreção tubular renal. Pacientes com insuficiência renal devem receber doses reduzidas. No paciente idoso observa-se declínio de até 50% na depuração dos fármacos e redução no volume de distribuição. Existem preparações endovenosas para casos específicos.
Todos os bloqueadores de H2 podem produzir sintomas no sistema nervoso central como cefaléia, confusão mental e sonolência.
A utilização a longo prazo e em altas doses podem causar ginecomastima e impotência reversíveis. Raramente podem ocorrer discrasias sanguíneas, hepatotoxicidade e toxicidade renal.
A cimetidina e a ranitidina ligam-se ao citocromo hepático P-450 e podem inibir o catabolismo de drogas metabolizadas por esse sistema que apresentam níveis tóxicos próximos ao nível terapêutico. Ex: teofilina, fenitoína e anticoagulantes como varfarina.
Podem inibir a álcool desidrogenase gástrica (enzima do metabolismo do álcool), aumentando a absorção do álcool e a possibilidade de toxicidade.
Interações
Interferem na absorção de H2 - devem ser ingeridos em um intervalo de 2h.A cimetidina e a ranitidina ligam-se ao citocromo hepático P-450 e podem inibir o catabolismo de drogas metabolizadas por esse sistema que apresentam níveis tóxicos próximos ao nível terapêutico. Ex: teofilina, fenitoína e anticoagulantes como varfarina.
Podem inibir a álcool desidrogenase gástrica (enzima do metabolismo do álcool), aumentando a absorção do álcool e a possibilidade de toxicidade.
Bloqueadores da bomba de prótons
Principais fármacos e mecanismo de ação
Omeprazol (Losec) - Suprimem a secreção gástrica, inibindo de forma irreversivel e não competitiva a ATPase H+, K+ das células parietais (polo apical), a bomba de prótons. Ela está localizada na membrana secretória das células parietais e é responsável pela secreção de um íon H+ em troca por um íon K+. É mais potente que os bloqueadores de H2: inibe acima de 90% a secreção ácida de 24h. Devido à potência, há dúvidas de segurança de uso a longo prazo.
O ácido gástrico, por mecanismo de feedback, inibe a secreção endócrina de gastrina* pelas células G das glândulas pilóricas. Quando há ⬇︎ na acidez gástrica, as células G ⬆︎ quantidades de secreçõe de gastrina, levando à hipergastrinemia.
*A gastrina é um hormônio trófico que estimula a proliferação e o crescimento de certas células e tecidos, incluindo as células entrerocromains-like (ECL), as células endócrinas predominantes no corpo e fundo do estômago.
Farmacocinética
São administrados na forma de pró-fármacos e de revestimento resistente ao ácido, para protegê-los da destruição na luz gástrica. O revestimento entérico dissolve-se na luz intestinal alcalina e é absorvido. A biodisponibiliade é reduzida pelo alimento e deve ser administrado com estômago vazio 91h antes da refeição). Nesse grupo não há necessidade de redução de doses em pacientes com insuficiência renal ou hepatopatia leve e moderada.
Ocorrem poucas ocorrências de diarréia, cefaléia e dor abdominal. Reduz na absorção da vitamina B12.
Ocorrem poucas ocorrências de diarréia, cefaléia e dor abdominal. Reduz na absorção da vitamina B12.
Interações
Semelhante a bloqueadores H2, o omeprazol interage com algumas enzimas microssomais do citocromo P-450, podendo reduzir o catabolismo de varfarina e fenitoína, apenas.Medicamentos para gastrite e úlcera e principais efeitos adversos:
Referências:
Soares, Vinicius H. P. Farmacologia Básica Humana (livro eletrônico). 1. ed. São Caetano do Sul, SP. Difusão Editora: 2017.
Golan, David E. (Editor). Princípios de farmacologia: a base fisiopatológica da farmacoterapia. [3. ed.] – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. Tradução de: Principles of pharmacology: the pathophysiologic basis of drug therapy,ISBN 978-85-277-2599-6
Krause - Alimentos, Nutrição e Dietoterapia - 13ª Ed. 2013 - Sylvia Escott-stump, Kathleen L. Mahan, Janice L. Raymond (8535255125).
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